Osmar Lima

Representativos

O ser humano é hábil em eleger símbolos.
Sejam sons, sejam ícones, sejam números, o que importa é que são representativos
A importância dos representativos é que podemos raciocinar com eles, sem ter que lançar mão das coisas concretas representadas por eles.

Ex. Fotografia – Podemos informar sobre as características de uma pessoa, bastando exibir o seu representativo, isto é , a foto, que oferece informações bastante aproximadas da sua imagem.
Podemos através de uma foto, mostrar o aspecto de um carro, uma casa, e , até de um planeta, coisas gigantescas, sem os termos á mão, na forma concreta

Segundo exemplo – A palavra – Uma palavra é um símbolo, um representativo porque a elegemos para significar algo. Não precisamos de uma foto para citar um animal, um objeto, uma emoção, uma comunidade etc.
Caso não tenhamos o recurso da foto, podemos fazer a descrição de uma paisagem através dos representativos das palavras.
Podemos ainda descrever sensações, emoções, comportamentos etc.

Terceiro exemplo – O número – Significado de quantidade, de ordem, de nível, etc.
Sem o número poderíamos saber quanto custa uma dúzia de ovos, tendo o preço de um. Mas seria muito difícil saber quanto custariam duzentas dúzias, sem ter o número para calcular.

Mas um representativo tem que ser reconhecido, tem que ser conhecido o seu significado, se não, nada representaria.

Quando falamos, por exemplo, “ cinco “, vem logo a pergunta “ cinco o que ? “
Da mesma forma que a foto, de alguém que não conhecemos e com a qual não temos nenhum relacionamento, nada significa para nós.
Quando vemos essa foto, logo perguntamos “ de quem é ?”

Se uma mulher está apaixonada e o nome do eleito é Ademar, quando tivermos várias palavras indicando nome de homens ao lado dele , ela fixará sua atenção naturalmente na palavra Ademar.

Uma seqüência de palavras que compõe uma estrofe têm um significado claro e podemos até nos emocionar com ela.

…que não seja eterno pois que é chama, mas que seja infinito enquanto dure…

Ora, primeiro temos que conhecer o significado das letras, depois das palavras e, por fim a combinação entre tudo para interpretação do texto, que tem um significado forte para a maioria das pessoas cuja mente está treinada para identificá-lo.

Para quem não conhece Inglês, a palavra “love” nada significa, embora ela seja o representativo de uma emoção muito valorizada.

Para desenvolvermos a capacidade de raciocinar com números, temos que conhecer o seu significado, o que eles representam e como interagem, assim como as palavras.
Uma expressão matemática é como um texto. Só poderemos compreendê-la depois que conhecermos todo o processo de combinação para representar algo.

Mas uma expressão algébrica, que significado tem para um aluno que está aprendendo matemática no primeiro grau ?

Que importância tem para ele o valor de X ou de Y ?
Que importância tem para ele o processo da fatoração ?
Que lhe importa conhecer o processo de calcular a área do círculo ?

Mas ele sabe valorizar o número 5 ou 10, quando se referem á nota obtida numa prova. Estes representativos da qualidade do seu trabalho são importantes para ele, pois têm forte influência sobre sua auto-estima e no seu relacionamento com os pais e professores.

Uma aula de História conta fatos, conquistas, etc., O aluno pode mentalizar tudo, na palavra do professor.

Numa aula de Geografia, pode-se mentalizar rios, oceanos, florestas , povos, culturas, etc.

Numa aula de Biologia, pode-se mentalizar animais, seu comportamento, plantas, etc.

Numa aula de Língua Portuguesa, o aluno aprende, a curto prazo, a comunicar-se pela escrita, podendo escrever o que sente, o que pensa, do que gosta etc.

E a Matemática ? A curto prazo, no primeiro grau, o que oferece de atrativo ao aluno ?
Esse o grande desafio dos educadores, para vencer a grande dificuldade de despertar o interesse do aluno para uma das ferramentas mais importantes do ser humano, a Matemática.

Alertá-lo sobre as suas necessidades futuras ?
Desenvolver seu interesse pela prática de resolver enigmas ?
Informá-lo de que a Matemática desenvolve sua capacidade de raciocínio ?
Tentar demonstrar praticamente , concretamente cada capítulo dela, como por exemplo calcular a altura de uma torre ou a largura de um rio ?
Talvez, mas como demonstrar de forma prática, concreta, por exemplo, o processo da fatoração de polinômios ?
Isto tudo sem contar que cada aluno apresenta uma característica toda particular.
Pode-se generalizar alguns processos, que não atendem a todos, contudo.

Num atendimento de reforço, o orientador pode ajudar o aluno a compreender certos processos , mas o mais importante não é somente ensinar-lhe alguns capítulos da matéria.
O necessário mesmo é promover sua libertação.
É preciso treiná-lo a ler e interpretar as sentenças matemáticas para poder trabalhar com elas. Para usá-las a seu favor.
Na vida, defrontamo-nos com tarefas agradáveis, desagradáveis, mais trabalhosas, menos trabalhosas, mais fáceis ou mais difíceis .
Na maioria das vezes não podemos fugir à elas, sendo mesmo imperioso executá-las.
Ás vezes, uma tarefa pode se tornar desagradável porque a achamos difícil.
Outras vezes, ela pode se tornar desagradável por ser muito trabalhosa.

Somos treinados desde a primeira infância com as palavras, por isso temos facilidade com elas. É agradável falar, ouvir, ler e escrever.

Se formos treinados desde bem cedo para lidar com os números, teremos mais facilidade mais tarde para nos relacionar com eles em processos mais complexos.
Esta facilidade pode tornar menos desagradável o aprendizado da Matemática.
Muitas vezes, pode até se constituir numa tarefa agradável. Não raras vezes, encontramos alunos que apreciam a matéria, afirmando mesmo que é a mais fácil do programa.

Não somos treinados com a manipulação de números. Por isso temos dificuldades quando tomamos contato com eles.

Um jogador de basquete tem facilidade com a bola porque treina muito.
Todos sabemos o que fazer com a bola no jogo, mas somente treinando muito é
que conseguiremos a performance dos grandes astros.
* Autor: Osmar Lima.